sábado, 16 de junho de 2007

Petiscos

Na porta da geladeira do albergue uruguaio, viajantes escrevem mensagens com pequenos imas.
Alguem pergunta:
"why good sex is only with eletric machine?"

Ao que alguém responde:
"just do coffee, honey"

Outro comenta:
"extraño pero nada como ___ lluvia
__________________________________ desnudo
_____________________________________ gusto"


Imagino coisas lindas ao ler:
"flying the submarine"
.
.
.
.
.
No hay muchas palabras más.
Pero juntome a ellos:

.............................see.......
.......................empty sea....
.......................liquid time...
.........................of mine.....

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Queimada

Esta manhã, fui atropelada.
Nos breves instantes em que voei sobre o asfalto, de braços abertos, avistei a bola azul parada no ar.
Era infância e eu, caçula e franzina, passava as tardes sentada na calçada, vendo as partidas de queimada. De vez em quando, um primo se apiedava de meu olhar pidão e me deixava entrar. Eu corria para o centro da quadra (tão feliz) e dava o melhor de mim.
Só depois de muito suar, fugindo de um lado para o outro, fazendo caretas para os adversários e soltando gritinhos de susto, eu percebia. Podia apenas andar, arrastando as pernas lentamente, ou mesmo ficar parada, que não seria atingida pela bola azul. O alvo eram os outros. Eu era, sempre fui, café-com-leite.
Eu insisti, sabe... Todas as tardes eu sentava, eu esperava, eu corria para o centro do mundo em busca da violência que me era negada. Meus primos voltavam para casa cheio de hematomas. Meu corpo voltava machucado por dentro. Você sabe o que é dor?
Eu só sei que, atravessando a rua rumo ao trabalho (relatório-café-reunião-tec-tec-tec-cigarro-triiiiim-seguradora-esperança-boa-tarde-tec-tec-tec-pois-não-?), eu decidi parar. O carro não conseguiu desviar, frear, me evitar. Senti o baque e, feliz, avistei a bola azul.
Parada no ar.
Parada _mas eu voava em direção a ela. Com tanta força, com tanta saudade.
Nunca acharam que eu iria aguentar.
E eu não aguentei.
Mas já não dói, sabe... Nadinha.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Litorânea

O chapéu de palha desenha filigranas
de luz e sombra
em seu rosto.
Seus olhos estão verdes.
Azuis.
Cinzas.
O sol arde sobre os ombros.
A água do mar está fria.
A gente não devia estar tão perto.
Devia?