quinta-feira, 17 de maio de 2007

sonata


essa delícia de tarde, o tédio cutucando na medida certa _só o suficiente para me lembrar que a vida chama lá fora (que bom, estoy viva) mas nada que me faça levantar e abrir a porta.
deve ser o calor. pode ser o amor. talvez seja preguiça.
pura preguiça, pecado capital, depois eu me explico pra Deus: onipotente-onipresente-onisciente, estou apenas descansando no sétimo dia _mereço.
não criei o mundo, nem um filho, nem um livro. mas ando a sentir demais e... isso cansa.
a rede balança, o gato se estica, as moscas voejam sobre bananas e caquis estourando de maduros _natureza-morta, autor desconhecido. sem título.
as pálpebras pesam, o coração se aquieta, a respiração arrefece. sinto-me morrer um pouco assim tão viva, acesa pra dentro, a pele sensível _e os ouvidos: as moscas voejam as frutas: zumzumzumzum.
um carro se afasta, crianças brincam entre gritinhos, um cavalo canta _ou assim parece.
a vida chama lá fora.
minhas malas ao lado da porta.
o barco me espera.
não tenho pressa.

3 comentários:

Mariana disse...

Dilícia, Ílis.
Mandei para a Tati, minha prima-irmã. É a cara dela...

Simone Iwasso disse...

delícia foi a palavra que eu pensei ao ler, depois vi comentário da mari...nós e nossas sincronias...

Ilis disse...

Mari, eu achava que Tati era sua irmã-irmã!
Veja só...
E eu estou achando que você e a Si têm um quê de gêmeas, viu?
Besos!