terça-feira, 15 de abril de 2008

Herança

Ela estava tão doida que mal conseguia pronunciar qualquer palavra com mais de três sílabas. Ainda assim, esforçava-se toda para contar uma história longa sobre sua infância e outros momentos marcantes.
E eu estava jogado por ali, sem forças sequer para me levantar ou responder qualquer coisa, o que me tornava, supostamente, um ótimo ouvinte. Até que apaguei.
Sol a pino, acordei com os gritos que vinham da praia. Parece que, após me confessar cada um de seus pecados, ela chegou à conclusão de que era melhor acabar com tudo de uma vez. Jogou-se no mar, de onde saiu azul e mordiscada sabe-se lá por que tipo de bicho.
Os amigos se desesperaram. Ela era feliz! Ela tinha tudo! Alguém me puxou pelos cabelos: O QUE ELA TE DISSE? O QUÊ?
Eu não me lembrava de nada.
Fui perseguido dias a fio por parentes da moça e curiosos em geral. Todos em busca de uma resposta para algo que, no fundo, todos nós tememos: qual é o limite?
Sinto como se Deus houvesse sussurrado um de seus segredos mais terríveis no meu ouvido. Só que eu estava bêbado demais para entender.
Talvez seja melhor assim.

5 comentários:

Rackel disse...

Ui... q mórbido isso! rs

mas sabe... as vezes acho q tem coisa q é melhor não saber mesmo... a gente vive mais leve, sei lá...

post interessante esse

bjim

Anônimo disse...

"Sinto como se Deus houvesse sussurrado um de seus segredos mais terríveis no meu ouvido." Adorei, adorei.

Anônimo disse...

Como é que coloca o nome neste negócio?? rs mariana miranda

Anônimo disse...

Deus disse: "Rosebud" (rs)

Ilis disse...

heheheheh, Rosebud é lasca. tu tá que é só cinema, heim?

Mariana, acho que para quem usa blogger tem um link mais fácil para deixar o nome... Outras pessoas já reclamaram que não conseguiam colocar comentários facilmente... Fico feliz que tu tenha conseguido!

Rackel, eu concordo demais contigo!
bj